É sobejamente conhecida a notícia, que deu conta de enfermeiros que eram contratados por pouco mais de 4 euros por hora. Muitos referiram que este valor era inferior ao salário mínimo nacional. Pura mentira. O salário mínimo nacional é de 485 euros mensais o que por hora corresponde a cerca de 2.80 euros.
Estes valores indignaram muita gente, ao ponto de ser notícia televisiva. Disse-se que era uma vergonha um profissional qualificado ganhar cerca de 4 euros à hora.
Esta semana surge uma outra notícia. É um caso passado na Marinha Grande. Uma empresa coloca um anúncio no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), pedindo um engenheiro. O salário oferecido era de 485 euros por mês.
A Ordem dos Engenheiros protestou de imediato este anúncio, declarando que muitas empresas, com o falso argumento da crise que o país atravessa, pagam aos colaboradores engenheiros (quadros qualificados) salários que não estão condizentes com as funções desempenhadas. Esta entidade refere ainda que, se uma empresa não consegue pagar uma salário justo a este tipo de colaboradores, não deve permanecer no mercado.
Posto isto, e sendo advogado em causa própria, pergunto quantos contabilistas estarão a trabalhar ganhando o salário mínimo nacional? Os engenheiros e os enfermeiros não podem ganhar assim tão pouco, porque são quadros qualificados, e os contabilistas também não são? As ordens dos enfermeiros e dos engenheiros mostraram-se indignadas com esta situação e demonstraram-no publicamente. E a ordem dos Técnicos Oficiais de Contas? Não tem nada a dizer? Compactua com os salários miseráveis que os seus membros recebem? Já é tempo de pensar numa ordem que defenda verdadeiramente os interesses de uma classe profissional tão desprotegida, e de forma honrosa lute pela dignificação da profissão.
1 comentários:
Quer Ordem dos enfermeiros, quer a dos engenheiros, está bastante correcta em vir a público com esta questão, defendendo os interesses dos seus membros.
É realmente triste que se passem tantos anos a estudar e gastar dinheiro, para no final, ficarmos com qualificações e a ganhar como se tivéssemos apenas o ensino básico, apesar de fazermos um trabalho mais exigente e responsável.
Enquanto Contabilista que sou, tenho de concordar que é uma pena a nossa Ordem dos técnicos oficiais de contas, não siga o exemplo destas e nos defenda. O que não faltam são exemplos desse tipo, ofertas de emprego, em que são exigidos inúmeros requisitos e qualificações, em que o que é oferecido é o salário mínimo nacional.
Sem dúvida alguma que todos os trabalhos são dignos e igualmente importantes. Mas no caso particular dos contabilistas, as obrigações são cada vez maiores, bem como a responsabilidade que daí advém, e cada vez ganhamos menos por um trabalho cada vez mais complexo.
Parabéns pela sua observação!
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